La Bohème (tradução)
Eu lhes falo de um tempo
O Portugal de Salazar é feito de duas gerações jovens: uma que fugiu para França e outra que "morreu" na guerra em África nas antigas colónias Portuguesas. Ambas cultivavam a inspiração pelos valores, música e ideais franceses.
As gerações que se seguiram divergiram primeiro para os ideais ingleses e depois para o mundo novo e livre do sonho norte-americano. Encontrei, já por várias vezes, vários exemplos das anteriores gerações e, não são, afinal, assim tão "pimbas" ou "folclóricos" como me habituei a vê-los, sempre de cassette de Charles Aznavour em permanente rodagem no auto-rádio do Renault ou Peugeot. Passei a perceber que as gerações que combateram na guerra - e aqui bem percebo os resultados por proximidade familiar - ficaram em África. Agora com 60 e poucos anos, são ainda os adolescentes que partiram e choram o roubo da juventude. Os jovens que emigraram para França, para o desconhecido, tiveram a ousadia de opinar, pela primeira vez num país que era ainda de Salazar e da PIDE.
Não me atrevo a dizer qual foi a melhor geração e quem fez melhor: quem ficou ou quem se foi. Mas percebo que ambas foram estruturantes para o país. Só tenho pena que os que emigraram para França não tenho depois trazido mais valores da defesa da liberdade e da expressão que por lá se faz sentir por estes dias em que o país esteve em greve geral contra o devaneio dos políticos consumidos pelo capitalismo.