quarta-feira, junho 28, 2006

Consumo mínimo de felicidade


Dei de caras com um artigo curioso que descreve na perfeição algumas pessoas com que as vezes damos de caras na vida. Para ler e saborear. Grande Isabel Stilwell.


"Há pessoas que são um poço de contradições. Evidentemente que não neste país, mas noutros – roubando uma expressão aqui ao cronista do lado, o professor Eduardo Sá. Um dia Queixam-se de solidão, de que ninguém gosta delas, só porque são pequeninas como o patinho feio Calimero. Choram-se até secarem o poço das lágrimas.
Culpabilizam -se por todas as vezes que viraram à esquerda em lugar de voltarem à direita. Fazem a lista das INJUSTIÇAS de que foram alvo. Nesses momentos estão certas de que. Na realidade, nunca ninguém as compreendeu e muito menos as valorizou como mereciam. Mortificam-se com o pensamento de que talvez tudo isso tenha acontecido porque não prestam, de facto, para nada. E vertem mais umas lágrimas sentidas.
Ao fim de umas horas, ou de alguns dias, cansam-se de terem pena de si próprias e regressam a um ponto de EQUILíBRIO, convencidas de que agora é que vão descobrir o caminho do nirvana. Para uns tempos depois tombarem aflitivamente para o extremo oposto: uma sensação de que todos dependem de si, uma vontade de sacudir pernas e braços para deixar cair os que por lá andam pendurados, tornando cada passo tão cansativo e doloroso.
Sentem-se mortalmente divididas: por um lado desejam muito que aqueles que lhes são próximos as considerem imprescindíveis à sua existência e simultaneamente ambicionam a liberdade que traz a consciência de não se estar directamente implicado na FELICIDADE de ninguém.
O que queriam estas pessoas, que claro, não são nenhum de nós, era serem incondicionalmente amadas, sem que para isso tivessem de mexer uma palha. Queriam que toda a gente que lhes importa fosse feliz por conta própria, chegando-se a elas já com o consumo mínimo de felicidade adquirido. com o único objectivo de dividir esse contentamento, sem que o facto de receberem alguma coisa implicasse na sua cabeça uma DíVIDA adquirida.
O que essas pessoas queriam era livrar-se de vez da ideia de que as relações são obrigatoriamente um deve-e-haver e de que foram postas na Terra com a missão de viverem para os outros. Nesses dias extremos o que desejavam era uma autorização por escrito, em papel azul de vinte e cinco linhas, para se amarem apenas a si próprias. E sabe Deus a trabalheira que só isso já lhes daria".

in Notícias Magazine

terça-feira, junho 27, 2006

Sabor a Mi ( Para ti )


Tanto tiempo disfrutamos este amor
nuestras almas se acercaron tanto asi
que yo guardo tu sabor
pero tu llevas tambien sabor a mi

Si negaras mi presencia en tu vivir
bastaria con abrazarte y conversar
tanta vida yo te di
que por fuerza tienes ya sabor a mi

No pretendo ser tu dueno
no soy nada yo no tengo vanidad
de mi vida doy lo bueno
yo tan pobre que otra cosa puedo dar

Pasaran mas de mil anos muchos mas
yo no se si tenga amor la eternida
pero alla tal como aquien la boca llevaras sabor a mi

domingo, junho 25, 2006

O Meu Berço


Divinos dias que vão nas ondas da passado
E a infância não serviu para me perdoar
Nem para do teu crepúsculo apagar a saudade,
De um tempo em que as tuas palavras
Me serviam de berço.

Troquei o Terreiro da Sé pelos passos da tua casa
As namoradas de que tanto falavas
Pelo amor que me davas.
Perdi-te pela leveza do meu esquecimento

O traje que tanto anunciaste
Nunca o viste
Quando voltei, Deus cegou o nosso encontro
A chama do regresso e a vontade de trocarmos a saudade
Por doces palavras de ternura

Tu que sempre foste bonita
Que nunca me fizeste chorar
E que sempre tinhas um conselho e um sorriso
Uma palavra e um carinho escondido
Foste embora.

Deixas-te me para continuar caminho
Foste ter com quem já te esperava há muito

Sou fonte de lágrimas que erra
Caminho indistinto de um único sentido

Afagaste o meu berço quando nasci
Sorriste quando chorei da primeira vez
Conheceste o menino, mas não o homem…
Ainda que no teu âmago
Desde sempre o tenhas visto

Agora que cresci e me deixaste
Sei que continuas por aqui

Em todas manhãs
Abrirei a janela da saudade
Para te sorrir com a minha alma

Para te mostrar os olhos que sempre gostaste
Agora são teus …Avó.

sábado, junho 24, 2006

Trovador Enamorado

"...Olha para a lua que a noite é tua
E o trovador, enamorado canta enlevado
Trovas de amor..."

Os primeiros de muitos momentos que se advinham GRANDES!

quinta-feira, junho 22, 2006

És (uma) GRANDE Pessoa!

Para alguém especial...


Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.

Ricardo Reis

Cortar a Raiz ao Tempo


"Esquece-me tempo
Não pactuo com as tuas fúrias.
Não és homem nem mulher,
És carne roubada ao vento
E a brisa nega-me a vida"

Pedro Dias

quinta-feira, junho 15, 2006

Quando lá fora chove...

Pode parecer estranho escrever isto num blog, mas não interessa. Não foi para isto que criei o blog, mas não interessa. Para as pessoas que eu gosto muito e para as quais ja fui "menos bom", aqui fica algo para vocês. Nunca irá remediar nada, mas são as minhas palavras, são minhas e são sentidas!


Eu gosto muito de vocês! O meu coração será para sempre a vossa morada e nele se podem abrigar "quando la forá chover".

quarta-feira, junho 14, 2006

Estrela da Tarde

Já li estes versos e ouvi a musica por mais do que as vezes que contei os segundos do relógio da minha vida..parti lhe os ponteiros e mesmo assim nunca me fartei de sentir nos meus lábios estes versos.

Aqui fica uma homenagem também ao grande poeta que os escreveu e ao fadista que os canta de uma forma divinal.

Estrela da Tarde

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia

Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia
Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia
Meu amor, meu amorMinha estrela da tarde
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guardeMeu amor, meu amor
Eu não tenho a certezaSe tu és a alegria ou se és a tristeza
Meu amor, meu amorEu não tenho a certeza
Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram
Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram
Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto
Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto!

José Carlos Ary dos Santos

segunda-feira, junho 12, 2006

25 De Abril já lá vai, Extrema-Direita já aí vem

O Nobel da Literatura José Saramago afirmou ontem que não restou "rigorosamente nada" do 25 de Abril de 1974 em Portugal e que nem a democracia é uma herança directa da revolução.
“ [Do 25 de Abril] não ficou nada, nada, rigorosamente nada", disse Saramago, numa homenagem ao antigo primeiro-ministro Vasco Gonçalves.

O escritor português foi uma das dezenas de pessoas que homenagearam na manhã de ontem no cemitério do Alto de São João, em Lisboa, o antigo primeiro-ministro Vasco Gonçalves, no dia em que se celebra um ano da sua morte.

"Este foi um homem muito mal tratado por aqueles que tinham obrigação de o respeitar e ele merecia esse respeito", disse o escritor à agência Lusa, visivelmente sensibilizado.

Questionado sobre o modo como encarava o crescente número de manifestações de movimentos de extrema-direita no país, a última das quais decorreu sábado, Saramago retorquiu que "o que se passa em Portugal é relativamente propício" a esta situação.

"A questão está em saber de que direita se trata. E o futuro já dirá que direita é esta", adiantou o escritor, acentuando que, "depois, alguma coisa há que fazer. Ou se pode viver com ela, ou não se pode viver com ela".

Lusa / A Terceira Vaga