quinta-feira, janeiro 24, 2008

As Palavras dos outros


As vezes faço-me pensar que deserto sou eu nos dias que me teimam. Entre o acordar e o pôr-do-sol, uma agonia de rotina sem fim em que navego entre as cidades de histórias, as palavras dos outros e o meu papel tingido por uma caneta apressada. Não sei se entre a acalmia dos breves segundos extintos e raros desses e destes dias – que no fim são todos uma amálgama das mesmas horas – ganho uma qualquer função na fusão de mundos ou se entrelaço os estranhos a quem lanço primeiras palavras tímidas e avulsas, ora ingénuas ora provocatórias.

E assim, sem fluir ao certo na minha mente do lugar que ocupo no centro das pessoas com as suas máscaras, vou caminhando todos os dias para o mesmo sítio de onde saio para lhes falar, sem dor nem cansaço. Escrevo porque as palavras que remeto contribuem para o meu projecto de alimentação diária. Mas a razão pela qual enceto os passos das palavras é outro. É que aquele que ama as palavras deixadas num qualquer papel não é mais do que o que escreve, nem tão só o que as palavras dos outros o deixam ser.

Flui, indeciso na bruma


Flui, indeciso na bruma,
Mais do que a bruma indeciso,
Um ser que é coisa a achar
E a quem nada é preciso.

Quer somente consistir
No nada que o cerca ao ser,
Um começo de existir
Que acabou antes de o Ter.

É o sentido que existe
Na aragem que mal se sente
E cuja essência consiste
Em passar incertamente.

Fernando Pessoa

sábado, janeiro 19, 2008

«Partido dos feirantes e dos ciganos»


«Estamos a ter uma adesão que testemunha o sentimento de profunda revolta da população portuguesa. É o povo simples que está a aderir à Nova Democracia, que vai passar a ser o partido dos feirantes e dos ciganos», realçou Manuel Monteiro durante uma das visitas às várias feiras do Norte onde garantiu que vai ultrapassar o número de militantes do CDS-PP.

Há gente que faz e diz de tudo para ter um pequeno ou grande tacho na cena política portuguesa.

sexta-feira, janeiro 18, 2008

Se não fosse trágico, teria muita piada


Relato de um dos depoimentos mais cómicos de sempre num caso muito sério de auxílio à imigração ilegal.

Chamado ontem, em inquirição na primeira sessão de julgamento da famosa advogada de Barcelos, Elisabete Chaves - que pouco esboçou para além da palavra "inocente" -, José Bessa, zeloso Funcionário do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) no Porto, acusado de ter legalizado 300 imigrantes em troca de favores sexuais, aterroriza de riso a sala de audiências quando CONFESSA que MARCHOU PELO MENOS SEIS BRASILEIRAS de bares de alterne que junto dos seus serviços - vulgo, SEF, buscaram sensatos conselhos para se legalizarem.

MULHER N.º1

JUIZ: O senhor conhece?
Bessa: Sim...acho que sim...
(Segundos depois)
JUIZ: Foi nessa altura que você teve relações sexuais?
Sala de audiências fica em suspenso
Bessa: Não, isso não é assim! - respondeu roçando uma indignação que parecia evidenciar a negação de qualquer FOICE em seara alheia. Mas eis, senão quando....

BESSA: Não, não foi.....DESSA VEZ!

MULHER N.º2

JUIZ: E foi nessa altura que você lhe pediu um beijo na boca?
BESSA (mais uma vez indignado) - Ó Sr. Dr. Juiz, eu tenho BARBA na CARA!
JUIZ: E depois, o que é que isso quer dizer? EU TAMBÉM TENHO SENHOR BESSA!

MULHER N.º3

JUIZ: Conhece esta senhora?
BESSA: Não!........ah, essa é a "Padeirinha"!
A sala de audiência morre de RISO. As gargalhadas infectam os arguidos, advogados, Procuradora e juízes que se contorcem nos bancos. Só o Juiz presidente cerrou os lábios e frisou as sobrancelhas.
BESSA: Sabe, chamam-lhe isso porque ela é conhecida por...e tem piada...
JUIZ: Sabe, NÃO LHE ACHO PIADA NENHUMA! Foi ela que lhe pediu para arranjar um contrato de trabalho?
BESSA: Sim, ela era ESPECIAL. A mais INOCENTE de todas!

"Você quase fazia serviços ao domicilio", ironizou o juiz presidente admirado com as visitas frequentes de Bessa às residências das brasileiras.

sábado, janeiro 12, 2008

Fascismo do Fumo


Aos primeiros segundos do dia 1 de Janeiro de 2008 impôs-se a proibição de fumar em espaços públicos fechados, lato senso. Nesses primeiros momentos, raros foram os que realmente cumpriram essa nova lei, tal era o hábito. Porém, no dia seguinte ninguém se atrevia a fumar nesses mesmo locais onde as sanções espreitavam ao primeiro sinal de fumo.


Nos locais de trabalho é possível agora constatar aquilo que o carácter justiceiro e cego de uns nega e o que o bom senso de outros cedo mostrou. Para além das habituais dezenas de fumadores nas entradas dos edifícios transformadas em verdadeiras 'salas de chuto', muitos são os que se fecham nos gabinetes para poderem fumar sem serem vistos. Os colegas não fumadores acabam por persegui-los, apesar da Lei Portuguesa ter algo a dizer quanto à perseguição.

A Lei que, razoavelmente, protege os não fumadores do fumo prejudicial de uns censura outros. O cego e excessivo plano para limpar as cidades do fumo do tabaco acabou por ser o fascismo de uns sobre outros.

À parte as frases feitas, a liberdade de uns não acaba quando começa a de outros, antes existem ambas no mesmo tempo e espaço. E quando o Homem pondera reduzir os malefícios sobre alguns, o radicalismo poucas vezes é a melhor solução. Entre o 8 e o 80 há vários números.

P.S. - Eu não fumo. Concordo com a lei até a um certo ponto, aquele em que se perseguem fumadores como se fossem os criminosos deste século.

quinta-feira, janeiro 10, 2008

A verdade e a elegância

"If you are out to describe the truth, leave elegance to the tailor." - Einstein

terça-feira, janeiro 08, 2008

Morreu o 'maldito' Pacheco


"O Luiz Pacheco é provavelmente o maior filho da puta, a pessoa mais corrosiva, mais intratável que há, mas eu gosto dele. Não sei porquê, mas gosto dele. O Luiz tem a capacidade de dizer o que pensa, de dizer mesmo tudo o que pensa, mesmo o que não poderia dizer(...)"

Publicado no Blog não oficial do escritor

Morreu inaudito e quase renegado perante uma populaça de regime de escritores que profanou à mão da crítica mordaz que nunca largou, ainda que, para isso tenha muitas vezes pago com a palavra cara da fome feita realidade.

Luiz Pacheco era tido como o "maldito". Morreu a cinco de Janeiro, com 82 anos, tendo dado entrada já sem vida no Hospital do Montijo.

Teve o privilégio, por mérito próprio, de ser já livre antes do 25 de Abril de 1974.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

JORNALISMO SÉRIO


Dois meninos estavam a sair do Estádio de Alvalade, quando um deles é atacado por um cão da raça Rottweiler. O outro menino agarra imediatamente num tubo de metal e dá com ele na cabeça do animal matando-o, permitindo assim que o amigo escape apenas com alguns arranhões. Ao ver a cena, um jornalista que passava pelo local correu para ser o primeiro a cobrir o acontecimento e escreveu no seu caderninho:

"Jovem verde e branco salva amigo do ataque de um cão."

- Mas eu não sou do Sporting - disse o menino.

E então, o repórter corrige para:

"Bravo pequeno herói Benfiquista salva amigo das garras de animal feroz"


- Mas eu também não sou benfiquista - disse o menino novamente.

- Desculpa outra vez, apenas pensei que como estamos em Lisboa e não
és verde e branco, deverias ser benfiquista. Afinal, de que equipa és tu?

- Sou Portista.

E o repórter volta a escrever no seu caderninho:


"Jovem delinquente portista assassina brutalmente animal doméstico indefeso"

sábado, janeiro 05, 2008

Filho mata a mãe prostituta

Chamava-se Henriqueta, mas na Rua do Bonjardim, no centro do Porto, onde costumava vender o corpo, era conhecida por "Lara".

Um quadro de extrema miséria, degradação física e maus-tratos continuados terá envolvido a morte da mulher de 57 anos que sucumbiu, no início desta semana, a agressões alegadamente perpetradas pelo próprio filho, entretanto detido pela Polícia Judiciária. Vizinhos e conhecidos da vítima - residia na Praça da Alegria, no Porto - revelaram que o suspeito do crime chegou ao ponto de a "obrigar" a dedicar-se à prostituição, para dessa forma conseguir sustentar os seus dois vícios primeiro a droga (do qual já estaria recuperado), mais recentemente o álcool.

Fontes: JN e Correio da Manhã

Aluno expulso por causa do chulé

Grande Manchete LOL

Bomba nuclear, era só a brincar



Os artistas checos que introduziram a imagem de uma explosão nuclear durante uma emissão do boletim meteorológico de um canal do país vão ser levados a julgamento. O caso - que aconteceu em Junho do ano passado - já foi comparado à encenação radiofónica da Guerra dos Mundos, por Orson Wells, em 1938. Várias pessoas que assistiam ao programa da televisão checa entraram em pânico - algumas temiam o início de uma guerra nuclear e outras pensavam tratar-se de uma explosão de gás. Os membros do colectivo Ztohoven afirmam que a sua intenção era mostrar como os media podem distorcer a realidade. Apesar da possível condenação judicial, o colectivo já recebeu o reconhecimento nacional: no mês passado foi distinguido pela Galeria Nacional da República Checa com um prémio para novos artistas no valor de 12 mil euros.

Fonte: PÚBLICO

sexta-feira, janeiro 04, 2008

Arrogância Socrática e o Exílio de Ferro


"Se os sacrifícios são pedidos, é indispensável que isso se faça com menos arrogância".
Eduardo Ferro Rodrigues, "Visão", 03-01-2008

Este tipo demorou mais de dois anos ( e um exílio prolongado) a dizer uma coisa acertada.