segunda-feira, abril 17, 2006

Dino está mais vivo na morte

Apesar de ser um facto a lamentar aproveito para deixar aqui as minhas condolências e comentar um aspecto algo sórdido deste acontecimento (e de outros do mesmo tipo). Trata-se da factual a diferença (até na morte) entre um famoso e um completo desconhecido. Os média fazem questão de diferenciar e percebe-se porquê.

O falecimento de um qualquer anónimo teria ido para a secção normal da necrologia e os familiares teriam de pagar o anúncio. Por outro lado, um acontecimento trágico e mortal de uma estrela ganha a primeira página e os respectivos familiares não têm de pagar um único cêntimo. Bem pelo contrário, neste caso a morte vende…jornais.

A realidade da informação é esta, até na morte. Mesmo assim, prefiro a decisão editorial de outros jornais como o PÚBLICO, que não publicaram tamanha foto gigante na primeira página. Há que noticiar, mas sem a pretensão de se ser abutre.

5 comentários:

Anónimo disse...

OK. Retiro o que disse em relação aos teus títulos...pelo menos este está mórbido pedro miguel. *

sapatilha disse...

Comparas muitas evzes com o público e acho que não ha comparação possivel... nao vejo o pulico fazer uma primeira pagina destas não, mas de facto ja estava a espera que a do jn fosse assim...
o jornal do povo... e o povo dá importancia a estas coisas...
Era um actor novo, um actor que pa quem vê a novela (que é o meu caso confesso) foi dia a dia cativando as pessoas e já era uma peça fundamental naquela telenovela... foi triste mas é a vida... e nao acho nada que esteja mais vivo na morte, sempre esteve muito vivo...
mas em relaçoa ao teu post, a comparaçao co o publico lá está... acho que nem se pode fazer... é como comparar a rtp com a tvi, ontem a tvi abriu com a noticia da morte dele e a rtp noticiou só no fim do telejornal... por isso....
********* ;)

Anónimo disse...

O caso da morte de Dino estabelece a separação entre o jornalismo popular e o de referência em Portugal: os tabloides e a TVI fizeram primeiras páginas e aberturas de telejornal; o DN, o PÚBLICO e os restantes canais de TV deram-lhe uma importância mais reduzida e menor visibilidade.

Mais do que trabalharem para públicos diferentes (o do JN não é o mesmo do DN e o da RTP não é o mesmo do da TVI), parece que há aqui um confronto entre os media que "dâo ao público aqui que lhe interessa", e os media que aspiram a uma função pedagógica de "educar o povo".

Claro quem quem vê "Morangos com Açúcar" provavelmente não lê o PÚBLICO, mas se calhar até preferirá ver os telejornais da RTP e da SIC. E é aí que reside toda a diferença

Ao colocarem em segundo plano a morte de Dino as estações de TV estão a dar outra relevância às questões sociais, políticas e económicas da ordem do dia.Aos temas que realmente podem mudar o nosso dia-a-dia e alterar o Mundo em que vivemos. Estão a informar-nos.
Perder (friso o PERDER) 15 minutos a recordar o jovem Francisco Adam, que só é notícia porque morreu na flor da idade, belo e jovem é ceder ao voyeurismo mediático. É ir atrás do "sangue" que os "abutres" tanto apreciam. É negar o jornalismo.

Dino até podia ser um bom actor no futuro e vir a atingir imensas coisas, etc. Morre cedo tal como morreram o James Dean ou o Elvis, o Jim Morrison ou Kurt Cobain. A diferença é que estes ficam para a posteridade por terem sido génios que marcaram uma época e continuam a ser importantissimos tantos anos depois. São íncones.

Comparemos aquilo a que se chama jornalismo com aquilo que foi feito por alguns à volta de Dino. Comparemos os conceitos de informação e diversão, melhor dizendo...de exploração...

Wordphantom disse...

Muito bem tido Miguel, mas deixo-te aqui um desafio: entrar na saudável discussão do post "A diferença entre ser bom e ser uma... "


Já agora obrigado pelo coment.
Abraço

Anónimo disse...

Mais interessante ainda do que o tratamento jornalistico que foi feito pela TVI aquando da morte do Dino, é o aproveitamento que a estação de TV fez do que veio depois: transmissão em directo do funeral com comentários por cima; publicidades constantes com a imagem do falecido; referências ao sucedido em várias apresentações de episódios de "Morangos com açúcar".

Trata-de de uma MORTE. Trata-se de alguém que todos os dias entrava pelos lares portugues dentro, através da TV, mas que não deixava de ser apenas um JOVEM adulto.

O aproveitamento que a TVI faz desta situação pode render-lhe audiências no imediato. Mas... e no futuro? Palpita-me que mais tarde ou mais cedo a repulsa vai tomar conta dos portugueses e depois...!? Depois haverá muito pouco, para além disso, que se salve na grelha de programação da estação de Queluz.

Não há problema: contrata-se um especialista de Marketing e imagem (brasileiro ou espanhol ou americano)que dê ao público aquilo que ele quiser: mais sangue, sexo ou o que quer que seja que estiver na moda na altura.