quinta-feira, abril 09, 2009

Jornalistas: "Todo o mundo vai um circo"



Todos menos eu

Por outras Palavras

"Começo a ficar inquieto. Há 40 anos a escrever em jornais e nunca ninguém me processou. É uma nódoa no meu currículo e, nos tempos que correm - em que qualquer estagiário, mal tira o casaco e se senta pela primeira vez à secretária, já está a ser processado e com termo de identidade e residência - uma discriminação afrontosa e desprestigiante.
Os outros jornalistas olham-me de soslaio e (ou será impressão minha?) mudam de assunto quando me aproximo. Mesmo agora que, contra minha vontade, tanto escrevo sobre política e susceptibilidades afins, pois que, chamando em meu socorro por Santa Szymborska, "a época é política" e "o que dizes tem ressonância,/ o que calas tem peso/de uma forma ou outra - político./ Mesmo caminhando contra o vento/ dás passos políticos/ sobre solo político", continuo inexplicavelmente por processar e nenhum dos políticos meus conhecidos cortou comigo. Como na canção de Maria Bethânia, "todo o mundo vai ao circo / menos eu, menos eu" e "fico de fora escutando a gargalhada". Pondero por isso, em defesa do meu bom nome profissional, passar a processar quem não me processar."

Manuel António Pina

Sem olhar de soslaio para o artigo de opinião publicado por Manuel António Pina no JN, é preciso diferenciar os vários ratos na barcança antes que saltem borda fora. Não julgo ser necessário afogar todos de uma só vez. Até porque há aqueles que coleccionam processos no âmbito dos seus artigos inevitalmente relacionados com a área da justiça e da polícia e outros que coleccionam (vendem) notícias (será textos vomitados?) sem olhar a meios e a...processos.
Há, portanto, jornalistas e...atiradores furtivos, quem sabe, mercenários. O jornalismo de investigação em Portugal quase não existe, mas verifica-se pontualmente, graças a uns poucos teimosos que vão resistindo à pressão do tempo. Os jornais querem tudo..já, imediatamente, uns quantos caracteres para preencher um espaço em branco. É normal que um jornalista que escreva algo sobre um crime venha mais tarde a ser inquirido pelas autoridades e, por consequência, ficar com termo de indentidade e residência, porquanto é condição necessária para ficar com estatuto de arguido e ser ouvido...se quiser falar.

Agora, como citou, é verdade que todo o mundo vai um circo. Cada um tenta fornicar (leia-se competir, mas as vezes o termo não chega) o próximo e nessa demanda acabam por dar como verdades o que não era bem certo...a invenção tem um custo, chama-se "Processo". Eu já pousei o meu casaco..

1 comentários:

Artlover disse...

Logo agora que eu estava a pensar em irmos 15 dias viajar pela Europa e tu és arguido! Que maldade!