O primeiro-ministro, José Sócrates, demitiu-se hoje do cargo que ocupava desde 12 de Março de 2005. Na origem da "difícil decisão", esteve a recente polémica que o envolve no escândalo da Universidade Independente (UnI).
"Não podem recair sobre o primeiro-ministro, quaisquer dúvidas sobre a sua formação académica e acusações tão graves como as que têm vindo a público", defendeu Sócrates acrescentando que irá "no devido momento clarificar as estranhas circunstâncias" que envolvem o diploma da sua licenciatura em engenharia civil pela UnI.
"Trata-se de uma cabala e de uma conspiração de alguns elementos influentes, mas frustrados dos partidos da oposição", considerou o governante, lamentando que em Portugal a oposição seja um "veiculo de problemas em vez de soluções". "A oposição em Portugal está apostada em criar escândalo político", disse.
Oposição rejeita acusações
Os líderes dos partidos da oposição já repudiaram todas as acusações disparadas pelo primeiro-ministro que está de saída. "Não aceito nem tolero esse tipo de acusações difamatórias, num estado de direito. O ainda senhor primeiro-ministro devia ter vergonha das mentiras que diz para se defender", referiu o presidente do PSD, Marques Mendes, congratulando, no entanto, Sócrates por "ter saído poupando o país de um enorme escândalo político".
"Quero dar os meus parabéns a José Sócrates por esse acto nobre e corajoso no dia 1 de Abril", gracejou aos jornalistas Paulo Portas à saída da Comissão Nacional do CDS-PP, sem querer fazer mais quaisquer declarações, numa altura em que se candidata à liderança do partido.
"Está aberto o caminho para o regresso da direita"
Já o PCP considerou que a esquerda perde com a saída de Sócrates. "Está aberto o caminho para o regresso da direita", lamentou o secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa que recusou comentar a data marcada para as próximas eleições.
Francisco Louçã, o dirigente do BE, não se fez rogado e afirmou que "estava na hora de Sócrates sair", uma vez que "mentiu ao povo português, não só sobre as suas políticas caóticas, mas descobrimos agora, também em relação ao seu passado académico", criticou o bloquista acrescentando que "um político que mente, não merece a credibilidade e os votos do povo. Em democracia quem mente queima-se", frisou.
O ainda primeiro-ministro, José Sócrates, enviou, junto com o seu pedido de demissão, uma nota informativa ao Presidente da República, Cavaco Silva, no sentido de serem marcadas, o mais rápido possível, eleições antecipadas. Espera-se que o chefe de Estado se pronuncie amanhã sobre o dia que irá escolher para o acto eleitoral.
Contactados, todos os partidos da oposição e o PS recusaram tecer qualquer comentário sobre a possível escolha de Cavaco.
2 comentários:
muito assertivo! era bom que fosse verdade, era...
Quem sabe um dia será...
A propósito disto, o Sócrates não sabe gerir dossiês pessoais, a julgar pela forma como hoje despachou os jornalistas dizendo que em breve dará notícias, mas até lá vira a cara à comunicação social que tentou pressionar e manipular.
É incrível...
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