Hoje não me deitei contigo
As lágrimas que sorviam do teu corpo
Negaram a chuva negra e cálida
Que amadurecia em mim
Hoje perguntei-te onde andavas
À cor da pergunta conferiste um Não
Quiseste negar-me a luz
Atirando-me para os calaboiços
De um infame silêncio
Já não te vejo na calçada escura
Não me cruzei mais contigo
Como quem diz olá ao ser
Que cruza o passeio da vida
Procurei-te entre paredes, palavras
E músicas…
Que à minha memória não perdoou
Em me lembrar afoito entre sonhos
E à vontade de te encontrar.
Perguntei por ti no café,
Mas a minha chávena
Vertia sozinha.
E o calor de outrora
Esfriou o bafo do primeiro café do dia
Que marcava a tua aurora em mim.
Continuei os meus passos
E na rua caiu uma folha de Outono
Perdida…
E sozinha, esgotada de respostas.
Não há árvores no meu destino
Trémulo porque pequeno
Forte porque resiste
Já não te encontro nas palavras que escrevo
Ainda que o meu âmago teime em te lembrar
Não sei se isso significa o que se transformou
Ou o que perdi à sombra de um outeiro.
Sei que à luz de um sol que se põe
As palavras inundam a minha memória
Com a tua imagem e o teu cheiro,
O teu toque…
Amadurece em mim
Um sentimento bastardo
Pedro Dias
Entre as páginas vernáculas dos jornais do dia, desfolhadas ora à pressa ora com uma calma pensativa, o teclar rápido de um portátil que vive comigo a natureza dos meus dias, um café afoito - ao lado do portátil - trazido à socapa depois de escadas descidas à pressa...
A verdade é que hoje, terça-feira [o que acabo de escrever é uma pvt, entenda quem conseguir e quiser], estou farto da realidade dos dias desse raça triste, "sem tomates" e parola, nascida neste pequeno quadrado luso deitado à beira-mar (e ilhas, entenda-se).
Por isto tudo e por nada...não resisto ao mais apetecível....um bom café ladeado por um papel firme e uma caneta taciturna.
2 comentários:
Andei vários dias a lê-lo...até o poder pronunciar alto.
A grandeza da alma produz textos destes, mesmo que a caneta teime em permanecer taciturna...Há quem diga que assim é que tem de ser. Prefiro acreditar nos dons que tocam apenas um grupo restrito de comuns mortais*
o melhor de sempre *
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