Dei de caras com um artigo curioso que descreve na perfeição algumas pessoas com que as vezes damos de caras na vida. Para ler e saborear. Grande Isabel Stilwell.
"Há pessoas que são um poço de contradições. Evidentemente que não neste país, mas noutros – roubando uma expressão aqui ao cronista do lado, o professor Eduardo Sá. Um dia Queixam-se de solidão, de que ninguém gosta delas, só porque são pequeninas como o patinho feio Calimero. Choram-se até secarem o poço das lágrimas.
Culpabilizam -se por todas as vezes que viraram à esquerda em lugar de voltarem à direita. Fazem a lista das INJUSTIÇAS de que foram alvo. Nesses momentos estão certas de que. Na realidade, nunca ninguém as compreendeu e muito menos as valorizou como mereciam. Mortificam-se com o pensamento de que talvez tudo isso tenha acontecido porque não prestam, de facto, para nada. E vertem mais umas lágrimas sentidas.
Ao fim de umas horas, ou de alguns dias, cansam-se de terem pena de si próprias e regressam a um ponto de EQUILíBRIO, convencidas de que agora é que vão descobrir o caminho do nirvana. Para uns tempos depois tombarem aflitivamente para o extremo oposto: uma sensação de que todos dependem de si, uma vontade de sacudir pernas e braços para deixar cair os que por lá andam pendurados, tornando cada passo tão cansativo e doloroso.
Sentem-se mortalmente divididas: por um lado desejam muito que aqueles que lhes são próximos as considerem imprescindíveis à sua existência e simultaneamente ambicionam a liberdade que traz a consciência de não se estar directamente implicado na FELICIDADE de ninguém.
O que queriam estas pessoas, que claro, não são nenhum de nós, era serem incondicionalmente amadas, sem que para isso tivessem de mexer uma palha. Queriam que toda a gente que lhes importa fosse feliz por conta própria, chegando-se a elas já com o consumo mínimo de felicidade adquirido. com o único objectivo de dividir esse contentamento, sem que o facto de receberem alguma coisa implicasse na sua cabeça uma DíVIDA adquirida.
O que essas pessoas queriam era livrar-se de vez da ideia de que as relações são obrigatoriamente um deve-e-haver e de que foram postas na Terra com a missão de viverem para os outros. Nesses dias extremos o que desejavam era uma autorização por escrito, em papel azul de vinte e cinco linhas, para se amarem apenas a si próprias. E sabe Deus a trabalheira que só isso já lhes daria".
in Notícias Magazine
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1 comentários:
Mas que artigo genial! É claro que nós não somos "essas" pessoas... Nós somos mais fortes, mais independentes, mais conscientes... (*ironia*)
Tens aqui um belo blog. Continua! Um beijo grande.*
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